Aguardem

Em breve novas loucuras e esquisitices!!!!!!!

Memória Fragmentada!

Memória fragmentada:

Naquela noite tudo se transformaria em sua vida, sua visão sobre o mundo havia mudado. Seus desejos, ambições, vontades.

O mundo em seu estado caótico, que até então nunca havia parado para refletir, não lhe passaria mais em branco a partir dali. Parado em seu carro numa movimentada esquina parou para perceber como a vida funcionava para as pessoas, e como cada um tinha sua própria peculiaridade, sua maneira de andar, sua expressão facial e corporal, tentou entender cada uma delas, o que passaria em suas cabeças, o que as motiva, quais suas razões de estarem ali. Começou a prestar atenção na paisagem em sua volta, coisa que nunca havia feito, foi quando lhe chamou atenção um muro muito alto, pichado que dizia –“Mundo dos Corvos”- tentou entender o porquê daquelas escritas e por horas e horas a fio olhou o muro sem resposta. Porque Mundo dos Corvos? Quem seriam os corvos? Quem escreveu aquilo ali? Deveria ser ele um artista, com alguma espécie de protesto? Cansado e sem resposta deitou e dormiu.

Acordou em um lugar que mais parecia ser um leito de hospital, sem entender o que acontecia e sem saber porque estava ali, começou a se questionar. Logo percebeu a presença de uma enfermeira, que verificava alguns pacientes; “Enfermeira? Pacientes?” – pensou ele; “Como assim?” – se questionando mais uma vez, e logo aquele cheiro de éter misturado com o notável fedor de clorofórmio tomou suas narinas que ardiam, parecendo que haviam despejado um balde daquela substância em seu corpo, logo uma intensa náusea tomou conta do seu ser, e no meio do seu desespero veio uma vontade alucinada de correr, de gritar, de sumir dali, daquele lugar, mas suas pernas não se moveram sua voz não saiu. Um estado de agonia começou a tomar conta de todos os seus sentidos, parecia que estava trancado em um cubículo onde não poderia se mexer, tentou se debater e nada, nem um músculo se moveu, foi quando ele atônito e sem mais nenhuma ação, conheceu o caos pela primeira vez!....................... continua!

"Tão furioso quanto belo, sua
volúpia fascina a todos, no seu
 poder de vida e de morte,
ele permanece intocável em sua força que não
pode ser controlada...”
A S Hagen...

Caminhos Inversos

Em uma cidade fria e ríspida, onde tudo o que se podia ver eram prédios de concreto em tons cinza fazendo parte de uma paisagem morta um céu ainda mais cinza, onde nada era realmente definido e tudo ficava no meio termo, apenas uma construção com tijolos de barro davam um colorido até sem graça querendo se destacar naquela paisagem, até o florista dono da loja mais antiga da região, já não adornava sua loja com as belas flores e arranjos que vendia, apenas se contentava em colocar rosas de plástico na entrada e a vender seus buquês por catálogo que parecia mais um mortuário, um lugar sem riso, sem alegria onde as pessoas se ignoravam e passavam apressadas quase trombando umas nas outras, e as vezes até indo as vias de fato, uma rua movimentada, mas sem vida. Mas onde curiosamente estavam dois senhores que destoavam da paisagem até monótona, discutindo acaloradamente, gesticulando e movendo suas mãos ao ar como se estivessem socando um adversário em uma luta de boxe, gritavam com o outro, um apontava seu guarda chuva em direção ao seu oponente como se fosse lhe golpear com uma espada, o outro se defendia e avançava, até se oferecendo aos embustes como prova de valentia mas ainda assim todos passavam por ali sem se importar ou prestar atenção ao que acontecia.

Mas no calor disso tudo ouviu-se um estalo o homem com o guarda chuva percebeu que tudo havia ficado escuro e  a perder o sentido. Sentiu-se rodando e ouvia um zunido continuo e interminável, sem entender nada, tentou abrir os olhos, se surpreendeu, parecia que o mundo havia virado de cabeça pra baixo, um gosto doce misturado com uma textura áspera tomou conta do seu paladar, foi quando se deu conta que estava de cara pro chão, uma calçada feita de pedras, muito antiga, devido aos anos de muito movimento já não estavam mais bem colocadas e as pontas das pedras saiam do chão como se fossem lanças tentando perfurar seu rosto. Enraivecido pensou que o outro o havia socado e ele teria caído em nocaute, uma cólera subiu por suas veias em segundos já havia pensado mil maneiras de ir a desforra, pensava se ele revidasse com o guarda chuva e o usasse realmente como espada poderia realmente se vingar  até tirando a vida de seu desafeto por causa de tamanha covardia, pensou ali mesmo se conseguiria se safar de uma condenação alegando que teria agido em legitima defesa, e no calor do momento, pensou se não seria melhor esperar pois lhe vinha a cabeça um velho ditado que dizia: “Vingança é um prato pra ser comido frio”, planejou meticulosamente todos os passos de sua revanche. Se ele esperaria o outro em um lugar deserto e o atingiria com a mesma covardia desferida contra ele, ou no caminho e volta pra casa onde poderia fingir um assalto.  E nesses segundos já imaginou álibis e contramedidas para cometer um crime perfeito, mas logo em seguida veio tamanha decepção ou alívio, quando se virou e olhando para o lado viu o outro caído, em piores condições que ele, se sentiu culpado por um momento, mas outra onda de fúria tomou conta do seu corpo pois agora estava confuso e não sabia o que acontecera... continua